segunda-feira, 2 de maio de 2011

Parintins, a terra do boi bumbá





Parintins, a 369 km de Manaus, é uma pequena e pacata cidade na Ilha Tupinambarana no meio da selva amazônica. Cercada por belos lagos e estando próxima a praias de areias brancas, a cidade ideal para quem deseja fugir do ritmo alucinante das grandes cidades.

Conhecida anteriormente como Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Tupinambarana, a partir de 1880 passou a ser chamada de Parintins, mas já era habitada desde 1796. O nome da cidade é uma homenagem aos povos parintintins, um dos inúmeros grupos indígenas que habitavam a região.




Só é possível chegar em Parintins através de barco ou avião. Durante a temporada vários transatlânticos atracam na orla. Os voos que partem do aeroporto de Manaus chegam em Parintins em 40 minutos até 1 hora. Também é possível viajar em  lanchas rápidas e chegar em Parintins entre 6 a 8 horas de viagem. Porém, dependendo da embarcação, a viagem pode demorar de 18 a 24 horas.





Na orla de Parintins você pode apreciar a beleza e a força do rio Amazonas, que passa em frente à cidade. No porto concentram-se inúmeras embarcações, que chegam a todo momento carregadas de mercadorias e passageiros. Esse é um local de frenético movimento, principalmente quando acontece o Festival do Boi Bumbá, que tornou a cidade conhecida internacionalmente.





Festival do Boi Bumbá: O espetáculo da maior floresta do mundo acontece anualmente no final do mês de junho, porém ensaios, confecção das alegorias, fantasias e coreografias fazem com que o povo da cidade viva o festival durante muitos meses durante a sua preparação. O evento é tradicional da cidade, mas só em 1965 aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins.




Mitos e lendas são contados através de carros alegóricos e bonecos gigantes, com coreografia e mísica contagiante. Religiosidade e folclore se misturam entre animais e os índios da floresta, dando colorido à cidade. Ano após ano, o imaginário popular representa a história do homem amazônico através dessa grande festa.




O Boi Caprichoso azul e o Boi Garantido vermelho são os conjuntos folclóricos que se inspiram em lendas de pajelanças indígenas de várias tribos e costumes caboclos da Amazônia. Os 4.000 integrantes de cada Boi contam a história de Pai Francisco e Mãe Catirina.





Segundo a lenda, Catirina sentia um desejo incontrolável de comer língua de boi durante a gravidez. Ela pediu a seu marido saiu para buscar a língua do boi mais bonito da fazenda. Quando o dono do Boi soube do que tinha acontecido, ficou consternado e quis saber o motivo. Mandou trazer o criminoso e também médicos para tentar reviver o Boi, mas nada adiantou. Foi então que, com a ajuda dos índios, chegou ao Pajé que fez reviver o boi do patrão...


Bumbódromo de Parintins

O grande evento acontece no Bumbódromo, templo do festival com capacidade para 35.000 expectadores. Inaugurado em 1988, o anfiteatro tem o formato de uma cabeça de boi estilizada. Seu nome oficial é Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes, em homenagem ao governador do Amazonas na época da inauguração.




A figura central é o Boi Bumbá. A toada de Boi-bumbá é o estilo musical com as danças folclóricas com temática indígena, cabocla e ribeirinha. Os dois grupos entram na arena dançando e cantando. As letras das canções resgatam o passado de mitos e lendas da floresta amazônica.





Muitas das toadas incluem também sons da floresta e canto de pássaros. Quem pretende acompanhar de perto o espetáculo deve planejar a viagem com muita antecedência, pois sempre há muita procura. Mas também há telões espalhados pela cidade, que garantem animação para quem não conseguir uma vaga na arena.




Cada grupo tem o seu curral em um lado da cidade, onde ocorrem os ensaios e são criadas as fantasias e alegorias da apresentação do bumbá. Uma parte da cidade é azul e a outra é vermelha. Isso pode ser visto na decoração das casas, nos postos telefônicos e nas ruas em geral.




Outras atrações de Parintins: Porém Parintins tem muito mais além do festival. Uma das atrações de Parintins são os triciclos decorados das mais variadas formas, que levam os visitantes a conhecer com calma a cidade. Isso permite percorrer diversos pontos turísticos.




No centro da cidade destaca-se a Catedral de Nossa Senhora do Carmo, que possui uma torre com 40 metros de altura. Projetada na Itália, é a construção mais alta da cidade. Do alto da torre do sino tem-se uma bela vista panorâmica. A celebração em homenagem à padroeira da cidade é realizada em julho. Além da catedral, há muitas outras igrejas, como a Igreja de São Benedito, a Igreja do Sagrado Coração construída em 1883 na orla do rio Amazonas.




A Praça Cristo Redentor é ponto obrigatório de passagem dos visitantes que chegam em centenas de barcos para o Festival. Conhecida como Praça Digital, nesse local da orla de Parintins há apresentações artísticas. Também na orla da cidade está o Chapão, um local ideal para ver o por do sol. Reduto do boi Caprichoso, o sistema de som anima as tardes dos turistas.




No calçadão que circunda a orla existem bares e restaurantes que servem as diversas delícias regionais. A Praça do Comunas é o reduto dos torcedores do Boi Garantido (vermelho), mas de vez em quando também é "invadida” também pelo pessoal do Caprichoso (azul). Essa é uma das áreas mais agitadas durante o festival.


 


Tambaqui Moqueado, Caldeirada de Tucunaré com pirão, Pirarucu assado, Bolinhos de Piracuí, Peixe no Tucupi, Calderada de bodo, Bodo assado e Tacacá fazem parte do Festival Gastronômico de Partintins. É a culinária parintinense explorando os peixes de água doce e a carne de búfalo, embalada pelo tradicional forró misturado com as músicas caribenhas.


Tacacá

Nas tacacarias das ruas de Parintins também pode-se encontrar o melhor sabor da Amazônia: goma, tucupi, jambu, camarão, com cheiro-verde e aquela pimentinha murupi. O tacacá é uma iguaria regional bastante procurada por visitantes que se envolve pelo cheiro, principalmente no período do festival folclórico. Escolha sua banca! Sinta o cheiro...


Tapioca com tucumã

Um lugar imperdível é o Mercado Municipal. Além de frutas e verduras, o mercado é o local indicado para experimentar o café regional, que não dispensa a tapioquinha e o X caboquinho - pão recheado com queijo coalho e tucumã, que na maioria das vezes é servido logo depois de colhido.

Não estranhe a tapioca mais grossa, com a goma diferente. Muitos restaurantes de Manaus oferecem tapioquinha feita com goma refeita da fécula de mandioca, porém em Parintins, a tapioca vem direto do produtor e não tem qualquer tipo de aditivo ou processo industrial posterior.


artesanato de Parintins

Em lojas e ambulantes há um enorme variedade de artesanato feitos com raízes de árvores, palha, juta, penas e outros materiais naturais. As peças artesanais chamam atenção não só pela beleza, mas também pela criatividade. Durante o festival, encontram-se cocares feitos com penas e sementes. Há também miniaturas dos bois. 





Na Lagoa da Francesa atracam muitos barcos de pescadores, que chegam com a produção do dia. Geralmente a região do médio-baixo Amazonas convive com fartura de peixes, como jaraqui, matrinxã, pacu, sardinha e outros peixes pouco comercializados em Manaus. Durante o festival, poucos pescadores desembarcam no mercado, pois muitos estão participando da festa.

Diariamente do Lago da Francesa sai uma balsa com destino a Vila Amazônia. Localizada a 20 minutos de barco de Parintins, essa comunidade rural é cheia de trilhas, igarapés e cachoeiras. Berço da imigração japonesa na década de 1930, a vila é pioneira no cultivo da juta. Foram os japoneses que iniciaram a cultura desse material muito utilizado no artesanato da região.





Banhada pelo Rio Uaicurapá, a praia de Itaracuera com extensão de mais de 1 km está quase totalmente submersa, mas ainda é um lugar muito frequentado durante o festival. Devido à profusão de ilhas com praias de areias muito brancas, os parintinenses costumam chamar essa região como  “Caribe Parintinense”. Durante a vazante entre os meses de agosto e fevereiro, o rio Uaicurapá forma belas praias fluviais com areias brancas, que constrastam com as águas escuras. Próximo ao rio estão as ilhas do Pacoval, das Onças e das Guaribas.





Os lagos do Aninga, Parananema e Macuranã são ideais para pescaria, atingindo o auge entre os meses de setembro e outubro. A Comunidade do Aninga e seu grande lago é o lugar perfeito para quem gosta de pescar ou passear de barco. Nas águas do Lago Aninga há espécies conhecidas que aparecem no cardápio dos restaurantes típicos. Além da pesca, outro atrativo do Lago Aninga é o pôr-do-sol nas águas tranquilas, margeadas pela vegetação nativa. 




Na comunidade encontra-se o Balneário Cantagalo. Dotado de píer, oferece serviço de bar, restaurante e lanchonete, além de quadras de areia para futebol , voleibol e palco para shows. Há também um bosque para acampamentos. O acesso é por estrada asfaltada, com iluminação e sinalização.




O Lago Macuricanã integra um complexo lacustre com cerca de 40 lagos, mas é melhor apreciado no verão amazônico. Trata-se de uma reserva que atravessa diversos municípios, com maior parte no território em Parintins e Nhamundá. Berçário de espécies raras de pássaros, nesses locais se desenvolve o projeto Pé de Pincha, para a preservação de quelônios.





Criado em 1999 por moradores da região e pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas, o Projeto Pé de Pincha tem como missão preservar as populações de quelônios da Amazônia e junto realizar trabalhos sociais com as comunidades ribeirinhas. O nome do projeto refere-se as pegadas do Tracajá, que na areia ficam no formato de "pinchas", como tampinhas de garrafas de vidro.

Os ribeirinhos estão envolvidos em todas as etapas do processo: desde a identificação das covas dos ovos, que são levados a um berçário onde ficam até eclodirem, até a soltura dos animais nos rios. Isso é fundamental contra predadores naturais e humanos. Promovendo o manejo racional e sustentável de quelônios pelas próprias comunidades em áreas abertas e não oficialmente protegidas, o Programa Pé-de-Pincha da Universidade Federal do Amazonas viabiliza o treinamento de agentes ambientais voluntários por meio da Educação Ambiental.




A Serra de Parintins, também chamada de Serra da Valéria, está a 15 km de Parintins ou 1 hora de voadeira. A pequena formação rochosa com 152 metros de altitude e circundada por espessa vegetação marca a divisa entre os estados do Amazonas e Pará. Do alto tem-se uma maravilhosa vista panorâmica.





Conhecida pelos seus encantos e lendas, com notáveis descobertas arqueológicas, a região faz parte dos cruzeiros turísticos internacionais. Para incentivar o turismo, foi construído um porto na comunidade para atracação de lanchas vindas de navios transatlânticos.

O Lago da Valéria é um dos mais piscosos da região. Segundo contam, foi nesse lugar que moradores avistaram o “chupa-chupa”, objetos voadores que supostamente teriam atacado várias pessoas com feixes de luz  e deixado marcas.  Inúmeros registros relatam esse aparecimento na década de 1980...










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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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