sábado, 14 de abril de 2012

Ilha Fiscal, a última festa da monarquia



Cartão postal do Rio de Janeiro e também do Brasil, a Baia de Guanabara seduz quem a contempla e encanta com sua visão fantástica. Cantada em versos pelos poetas e considerada por muitos como a mais bela baía do mundo, pode ser apreciada do Corcovado mas descortina muitos detalhes para quem se aventura a partir das águas do mar.




É no mar que estão inúmeras ilhas, entre elas a Ilha Fiscal se destaca por seu castelo que hoje funciona como Centro Cultural da Marinha. Ponto turístico de lindas paisagens, a visita ao palacete é uma verdadeira lição de métodos construtivos, vivências de outras épocas e principalmente os episódios que marcaram a história do palacete e da ilha que também tem acesso para carros.

Antes da sua construção, a Ilha Fiscal era chamada de Ilha dos Ratos. Conta-se que uma grande quantidade de ratos habitava a ilha, mas o que se sabe é que haviam muitas pedras acinzentadas na praia que se pareciam com ratos. Tendo necessidade de uma sede alfandegária próxima às docas para fiscalizar os navios e coletar impostos, o Imperador D. Pedro II ordenou a construção do palacete que foi concluído em 1889.





O palacete se tornou famoso pela admirável qualidade de sua construção em pedra talhada e seus vitrôs. A bela ilha em águas límpidas e rodeada de golfinhos dava à construção uma característica marcante e imponente. Com um mosaico de madeiras nobres da flora brasileira, o piso é uma obra de arte de marchetaria formando desenhos variados.

O prédio pintado na cor verde-jade com adornos em cantaria, uma técnica desenvolvida pelos portugueses para o polimento das pedras, deram origem a peças esculpidas com precisão nos detalhes e o brasão dos Braganças. Um relógio alemão de 4 faces, originalmente com iluminação noturna, foi colocado na torre para fornecer a hora local aos navios que ali aportavam.




O faustoso Baile da Ilha Fiscal foi organizado com muita pompa, requinte e excentricidade. Alguns interpretaram que o baile fosse uma demonstração de força e tentativa de promover o regime monárquico. D. Pedro II era um nobre respeitado que concedia audiência para os cidadãos comuns, mas apesar do apoio popular o império enfrentava oposições políticas e perda de prestígio.

Com quase 5.000 convidados, o baile durou até o amanhecer. A ilha ficou tão cheia que era impossível aos convidados entrarem no palacete ao mesmo tempo; muitos ficaram do lado de fora passeando pela ilha. Com excesso de ostentação, a ilha foi especialmente decorada com novos móveis e ricamente iluminada.




Com fartas e requintadas comidas e bebidas, o som de duas orquestras preencheram todos os ambientes durante toda a noite. À mesa do jantar foram servidos 800 kg de camarão, 1.300 frangos, 500 perus, 20.000 sanduíches, 14.000 sorvetes, 2.900 pratos de doces, 10.000 litros de cerveja e mais de 300 caixas de vinhos, champagne e bebidas diversas. Nunca se tinha visto tanto luxo no Brasil.

Se o baile servia como prestígio junto aos políticos e aliados, muitos se sentiram desprestigiados por não terem sido convidados. Na verdade a monarquia já estava políticamente enfraquecida e faltava apenas um pretexto insignificante perante a opinião pública para colocar um fim no regime monárquico. Decorridos seis dias após o baile, no dia 15 de Novembro de 1889 foi proclamada a República do Brasil e D. Pedro II exilado junto com sua família. A farra com dinheiro público marcou a última grande festa da monarquia...




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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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