sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

De Curitiba a Paranaguá, uma incrível aventura sobre a Serra do mar



Saindo da Estação de Curitiba, o Trem da Serra do Mar segue rumo ao litoral viajando por uma ferrovia que tem 125 anos de história. São 110 km se equilibrando sobre os trilhos, que em alguns momentos parece voar sobre os dormentes.

Durante aproximadamente 3 horas o trem passa por 13 túneis, 67 pontes, abismos e cachoeiras. O surpreendente percurso é um passeio em meio à maior área preservada da Mata Atlântica do Brasil, reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera.




Com um simpático serviço de bordo, exceto na classe econômica, o passageiro saboreia um gostoso lanche enquanto guias turísticos vão informando sobre o trajeto. Algumas vezes, no lindo cenário verde da mata preservada surgem exuberantes cachoeiras, como o Véu da Noiva, uma cachoeira do Rio Ipiranga. No percurso, os passageiros lançam as sementes de palmito recebidas na estação, uma proposta para contribuir com o ecossistema.




Das janelas panorâmicas descortina-se a cada momento um surpreendente ambiente fotográfico que reserva grandes emoções e sensações. Quando o trem passa pela Ponte São João, com 55 metros de altura e 110 metros de comprimento, há uma vista sensacional de toda a região de Paranaguá e Morretes.





A ponte é uma verdadeira arte arquitetônica construída em 1885 durante as obras da ferrovia. O ponto alto do passeio acontece quando o trem passa pelo Viaduto Carvalho assentado sobre pilares de alvenaria na encosta da rocha. O passageiro tem a sensação de estar voando por causa da altura do abismo que fica do lado esquerdo do trem.





Estação do Marumbi

A primeira parada é na Estação do Marumbi, que é a porta para o Parque Estadual do Marumbi, um local sagrado dos montanhistas. Na estação os grupos de montanhistas recebem instruções para realizar a aventura pela mata com segurança e tranquilidade.




Dali partem as trilhas que levam aos picos, que propiciam escaladas de todas as modalidades e graus de dificuldade. Em três pontos da escalada o ângulo de subida aumenta e fica fácil entender o que se passa na cabeça dos alpinistas: quanto maior fica a montanha, mais vontade se tem de chegar lá em cima. Mas essa é uma aventura para poucos e quem já chegou lá diz que a paisagem é maravilhosa, podendo até avistar Curitiba.





Morretes

A próxima parada é em Morretes, uma cidade bucólica com inúmeras opções de ecoturismo que fica no meio da Serra do Mar, entre o litoral e a capital. 





Com ruas arborizadas e casarões antigos, Morretes é famosa pelos seus inúmeros restaurantes que servem o famoso Barreado, uma comida típica dessa região.




Barreado

A carne cozida servida com arroz e farinha de mandioca, tem um segredo na preparação. Além do cozimento na panela de barro por um longo tempo, para manter o sabor da carne a panela é vedada com massa de farinha e água, um barro preparado para manter o vapor dentro da panela. Daí surgiu o nome Barreado, que tem suas origens nos portugueses açorianos que instalaram na região há 300 anos. Tradicionalmente o prato é acompanhado de bananas e laranjas ou bolinho frito recheado com banana.



Fandango

Uma das tradições dessa região é o Fandango, uma dança de sapateado típica de Paranaguá que está ligada à história do Barreado. Dizem que no passado as pessoas colocavam o barreado para cozinhar. Como o cozimento é lento e demorado, as pessoas iam dançar. E quando voltavam, o barreado estava pronto para ser servido.




Morretes é tradicional produtora de cachaça artesanal feita em velhos alambiques. Envelhecida durante sete anos em tóneis de madeira, a cachaça é famosa por sua coloração e sabor especial. A amarelada cachaça JD, são iniciais de João Dias, um português que trouxe as primeiras mudas de cana-de-açucar para o litoral do Paraná onde instalou o primeiro engenho de açucar e cachaça.




Nos feriados muitas barracas na praça vendem os produtos e especialidades da terra, como as famosas balas de banana, o tradicional sorvete de gengibre, farinha e a boa cachaça artesanal de banana.




O rio Nhudiaquara corta toda a cidade e foi no passado a única ligação entre planalto e o litoral no século 16. Hoje as corredeiras do rio são propícias para a prática do boia-cross e para banhos refrescantes. 

As boias são alugadas em Porto de Cima, um povoado a 6 km de Morretes ao pé da Serra do Mar que teve seu apogeu devido aos engenhos da erva-mate. A cidade guarda ainda os vestígios do passado em seus casarões e calçadas de pedras.




Estrada da Graciosa

No entorno existem caminhos coloniais, como o Caminho de Itupava com cascatas que atrai adeptos do montanhismo e para quem gosta de apreciar a natureza. A antiga trilha que ligava Curitiba a Morretes foi aberta por índios e calçada com pedras pelos escravos. Com grande beleza cênica de floresta tropical úmida, durante mais de três séculos os caminhos coloniais foram a única passagem da costa para o planalto paranaense.





A Estrada da Graciosa, que foi durante muito tempo uma rota em direção ao Porto de Paranaguá, tem ao longo da estradinha lindos recantos, riachos, cachoeiras e flores, churrasqueiras, barraquinhas, mirantes e infraestrutura turística. 

No último recanto está o Parque Mãe Catira, onde se concentram os turistas que querem tomar banho no rio. No fim do caminho aparece a cidade de São João da Graciosa, o melhor lugar para comprar pimenta artesanal e comer pamonha da terra.






Antonina

Na verdade, quando você pensa que a viagem acabou ela só está começando. Logo adiante está Antonina, uma cidade que já foi uma das maiores sedes portuárias do Brasil. Com seu casario de cores fortes e ruínas seculares, a pacata cidade tem 300 anos de história.




A cidade que viveu seu tempo áureo no Ciclo da Erva-Mate no século 19, das ruínas de um antigo depósito da erva se tem uma vista panorâmica da Baía de Antonina. Com calçadas de pedra, Antonina tem muitos cenários lindos. Normalmente as lojas fecham nos finais de semana e a Estação Ferroviária desativada funciona como um espaço cultural.





Passear a pé pelas estreitas e bucólicas ruas de Antonina, parar no trapiche da Praça Feiramar e apreciar a beleza e imensidão de sua baía, sentar num dos bancos da praça da Igreja Matriz e sentir o aroma emanado das lindas flores e centenárias árvores, é uma experiência inesquecível.
O Terminal Portuário da Ponta do Felix é o mais moderno para cargas refrigeradas da América do Sul.




As igrejas de Antonina fazem parte de sua história, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar e as Igrejas de São Benedito que era o refúgio dos escravos. Outro monumento histórico é a Fonte da Carioca com águas limpas e frescas que são envoltas em diversas crenças populares. Até 1930 era o único meio de abastecimento da cidade.




Paranaguá

Os últimos 41 km do passeio levam até Paranaguá, uma cidade histórica com muitos casarões coloniais, museus, igrejas e monumentos. Fundada a 349 anos, Paranaguá é a cidade mais antiga do Paraná e onde está o Porto de Paranaguá, um dos mais movimentados do Brasil. 








Tendo participado de grandes acontecimentos da história, Paranaguá é um dos mais belos conjuntos arquitetônicos do Paraná. Na língua tupi-guarani, Paranaguá significa Grande Mar Redondo. 





Os índios chamavam essa região de Pernaguá ou Parnaguá, tendo permanecido Paranaguá. A Fonte da Camboa ou Fontinha, o Santuário de Nossa Senhora do Rocio e as antigas edificações da Rua da Praia, são os principais pontos turísticos da cidade. 




Local de muitas lendas sobre tesouros no fundo do mar, sereias e histórias de antigos piratas, as manifestações culturais de Paranaguá completam seu patrimônio. Além de muitos monumentos, a estupenda beleza da baía guarda verdadeiros tesouros ambientais em cada uma de suas ilhas, como a da Cotinga, dos Valadares e a Ilha do Mel. 

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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