segunda-feira, 22 de maio de 2023

Sabará, uma cidade que vale ouro (parte 1)






Pequena, mas encantadora, aconchegante e repleta de belezas arquitetônicas, a cidade de Sabará faz parte do roteiro turístico da Estrada Real. Trechos da história do Brasil ainda estão preservados em seus casarões, chafarizes e igrejas.

No século 17 por essas terras passaram ilustres bandeirantes, atraídos pela descoberta de ouro e de esmeraldas. Naquela época Sabará era a maior comarca de Minas Gerais, com um grande contingente de escravos.






Seguindo o curso dos grandes rios, um dos bandeirantes que desbravaram essas terras foi Fernão Dias Paes Leme e seu genro Borba Gato. Em suas expedições, chamadas de bandeiras, os bandeirantes capturavam índios e escravos para carregarem suas bagagens.

A pedido do governador, em 1674 eles se embrenharam na mata em busca da mítica Serra do Sabarabuçu, onde uma lenda dizia haver uma jazida de esmeraldas e de prata. Assim eles partiram para a região, quando só havia o arraial Santo Antonio da Roça Grande, que hoje ocupa a entrada da cidade às margens do Rio das Velhas.
   





Embora tivesse apenas 25 anos, Borba Gato se mostrou um destemido desbravador dos sertões. Fernão Dias tinha 66 anos, mas mesmo assim tinha o sonho de encontrar as esmeraldas. Depois de 7 anos de muito trabalho e sacrifícios, eles encontraram muitas pedrinhas verdes. 

Ao final da expedição em 1681, Fernão Dias morreu devido à Malária, uma doença grave provocada por picada de mosquitos. Borba Gato assumiu a chefia da bandeira, porém se desentendeu e matou o administrador geral das Minas. Isso o obrigou a ficar escondido nas matas por 17 anos.
 
Tendo andado pelas matas durante muitos anos, Borba Gato acabou descobrindo novas jazidas de pedras preciosas e ouro no Rio das Velhas. Com isso Borba Gato conseguiu negociar o mapa dos tesouros em troca do perdão dado pelo rei. E assim, Borba Gato se instalou definitivamente no arraial, onde morreu em 1718. 






E por que a cidade tem o nome de Sabará? No final do século 17 o arraial se tornou uma cidade chamada de Sabarábusu. Depois passou a ser chamada Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, passando a ser conhecida como Sabará somente em 1838. 

Seu nome tem origem no termo tupi "Tesáberabusu", que significa "grandes olhos brilhantes", uma referência às pepitas de ouro que foram encontradas na região...






Praça Melo Viana: Essa é a praça mais importante da cidade, que serve como como ponto de referência e onde são realizadas as principais festas e festivais de Sabará. Na praça encontram-se o Fórum, duas escolas municipais, a Igreja do Rosário e o Chafariz do Rosário.






Igreja do Rosário: No período colonial não era permitida a entrada dos escravos nas igrejas, o que despertou nos escravos a vontade de ter sua própria igreja. Em vista disso, em 1768 a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos deu iniciou à construção da Igreja do Rosário.
 
Ela iria substituir uma antiga capela de madeira, mas devido às suas grandes proporções e pela falta de dinheiro da comunidade e queda da mineração em Sabará, a construção foi paralisada. Apenas as paredes foram construídas. 






Os cultos continuaram na capela de taipa, pois restava a esperança de angariar recursos para completar a obra. Quando a obra foi retomada, ela estava sendo erguida pelos escravos. 






Ocorre que em 1888 foi decretada a libertação dos escravos, fazendo com que a obra fosse definitivamente abandonada. E assim a igreja permaneceu inacabada. 

Os escravos não tinham dinheiro suficiente para continuar a obra e através dos séculos restou apenas paredes. A capelinha dentro das ruinas ainda pode ser visitada. Nela está um pequeno museu de arte sacra.






Chafariz do Rosário: Ao lado da Igreja do Rosário encontra-se o imponente Chafariz do Rosário. Construído em 1752, é um dos símbolos da cidade. 

Acima tem a coroa e o escudo imperial esculpidos em pedra-sabão, além duas grandes carrancas e uma cruz. As torneiras jorram água sobre uma bacia de pedra.






Fórum Municipal: Ao redor da praça encontram-se vários casarões históricos, que testemunharam o crescimento da cidade. Entre eles se destaca o Fórum Municipal, que está instalado em um belo casarão.


Continua na parte 2...


Um comentário:

Marcelo disse...

Tão interessantes e bem feiras suas postagens, dá vontade de viajar! Obrigado...

Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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