terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Petrópolis, a Cidade Imperial



No topo da Serra da Estrela, Petrópolis ostenta o título de Cidade Imperial. Devido ao seu clima ameno, que contrasta com o calor do Rio de Janeiro, tornou-se uma estância de veraneio desde a época do Império. Seus palácios e casarões no Centro histórico recontam uma época da história do Brasil. As charretes que levam os turistas para passear entre os casarões antigos, emprestam um ar bucólico à maior cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro.

Na época do Império, a região de Petrópolis era desconhecida dos colonizadores portugueses devido a um enorme
paredão de rochas de 1.000 metros de altura e aos índios Coroados que habitavam a região e eram conhecidos por sua ferocidade.

Quando foram descobertas as minas de ouro em Minas Gerais o caminho até o Rio de Janeiro era longo e de
difícil acesso. Saindo de Minas ia até a Serra do Mar, passava por São Paulo, Paraty e enfim o Rio de Janeiro. A viagem demorava em torno de 100 dias, por isso foi criado um novo caminho em 1704 chamado Estrada Real.


Região Serrana


Rua do Imperador


Universidade Católica

O Caminho Novo era apenas pequenas trilhas abertas pelo bandeirantes que se embrenhavam nos sertões em busca de
ouro e pedras preciosas mas que reduzia o tempo da viagem até o Rio de Janeiro para menos de 30 dias. O problema é que a subida do paredão da Serra do Mar em Xerém era muito íngreme o que fazia com que mulas e pessoas rolassem ribanceira abaixo. E assim criou-se uma variante onde surgiria Petrópolis.

Esse caminho novo ligando o interior ao litoral foi sendo ocupado por fazendas e ranchos, uma delas a Fazenda do
Padre Correia em Córrego Novo. A casa da fazenda era enorme com varanda na frente onde o Imperador D. Pedro I esteve muitas vezes. Encantado com a exuberância e clima do local, D. Pedro I adquiriu nas imediações uma propriedade para o tratamento de saúde de sua filha de 5 anos que recuperou a saúde vivendo naquele local.


Monumento Pedro II

Os palácios de verão eram uma tradição das monarquias européias. E, por receber muitas visitas da Europa, não acostumadas ao calor do Rio de Janeiro, Dom Pedro I pensou em construir um palácio de verão na serra, o Palácio Concórdia. Porém a obra não foi realizada visto que o Imperador abdicou do trono a favor de seu filho Dom Pedro II e retornou a Portugal.

Aos 18 anos o Imperador Dom Pedro II casou-se com Dona Tereza Cristina de Bourbon que veio de Caserta na Itália. No Brasil a Família Imperial passava seus verões no Convento Jesuíta de Sta Cruz do Rio de Janeiro tentando sem sucesso se livrar do calor do clima de São Cristóvão. Porém o filho de 2 anos do Imperador apareceu morto em seu berço. O monarca ficou desolado e tomou horror pelo Convento, decidindo nunca mais voltar ali.







Pouco tempo depois D. Pedro II e a Imperatriz foram à fazenda em Córrego Novo. O plano urbanístico para Petrópolis era complexo porque a cidade deveria ser levantada entre montanhas, aproveitando o curso dos rios. No entanto, o construtor inverteu o antigo estilo colonial português de construir as casas com o fundo para os rios, que eram utilizados apenas como esgoto como na maioria das cidades. Aproveitando cursos de água, foram traçadas as ruas e avenidas com grande preocupação em preservar a natureza.

A partir de 1837 inúmeras famílias de imigrantes alemães chegaram para trabalhar nas obras da estrada Rio-Petrópolis
e construíram suas casas. Em homenagem a eles foram dados nomes a algumas regiões e quarteirões. O progresso dos colonos alemães dinamizou Petrópolis, contribuindo para o seu desenvolvimento. O seu trabalho e a sua lembrança fazem parte da cidade. Logo depois vieram outros imigrantes portugueses, franceses, italianos, ingleses, suiços, belgas e libaneses.









D. Pedro II e sua esposa Teresa Cristina mantinham constante presença em Petrópolis atraindo a aristoracia, nobres, intelectuais, políticos e ricos comerciantes para a cidade. Cada um construía seu palacete com maior requinte.

Muitos
desses palacetes que atualmente fazem parte do Patrimônio Arquitetônico, serviram de moradia ou casa de verão a personalidades ilustres como a Casa da Princesa Isabel, Casa de Santos Dumont, Casa do Barão e Visconde do Arinos, Casa do Barão e Visconde de Mauá, Casa de Rui Barbosa, Casa do Visconde de Caeté, Castelo do Barão de Itaipava e outros.





A casa que pertenceu à Princesa Isabel e ao seu marido Conde d'Eu foi construída em 1853. Diz a lenda que o requinte das habitações de toda a vizinhança é resultado de ordens expressas da princesa, que só aceitava novas construções se fossem tão belas quanto a sua casa.

O Conde d'Eu também tinha suas excentricidades: encomendou da França em 1884 o Palácio de Cristal, uma estrutura
de ferro pré-moldado com janelas de cristal e lustres iguais aos do Palácio de Versalles para exposição de flores e pássaros. Ainda hoje é um espaço destinado a exposições e eventos.







A excentricidade de Santos Dumont pode ser conferida em uma casinha onde morou; o primeiro degrau só pode ser pisado com o pé direito. Esse lugar onde o inventor passava suas férias tornou-se um museu com cartas, fotos, objetos pessoais e uma estranha engenhoca que o inventor desenvolveu para tomar banho quente no frio da serra: um chuveiro a álcool.

Na casa que pertenceu ao Barão de Mauá após a sala com móveis antigos há uma espécie de jardim de inverno com uma tecnologia da época. Os vidros no alto do cômodo podem ser abertos e fechados por manivelas para regular a entrada de ar e de sol no ambiente.

Erguida nos anos de 1880, a Casa do Ipiranga também conhecida como Casa dos Sete Erros, foi uma mansão do financista José Tavares que idealizou o projeto. A casa se tornou atração turística devido às diferenças entre seus telhados e janelas, uma contestação ao estilo clássico. Foi a primeira residência em Petrópolis a ter luz elétrica em 1896.









Petrópolis tornou-se a Capital do Império em 1847 com a mudança de toda a corte. Tendo governado por 49 anos, pelo menos durante 40 verões Dom Pedro II permaneceu em Petrópolis por cinco meses. Nos últimos anos do império, os médicos mantinham D. Pedro II em Petrópolis para tratar de diabetes e foi onde ele recebeu a notícia do exílio da Família Imperial.

O símbolo da cidade é o Palácio Imperial onde funciona o Museu Imperial. É a principal construção do Centro Histórico
ladeada por casarões e palacetes, perpendicular à Catedral de São Pedro de Alcântara, complementada pela Praça Ruy Barbosa e a Universidade. É um dos cenários mais belos da cidade. O Museu Imperial expõe peças ligadas à monarquia brasileira, mobiliário, documentos, obras de arte, joias imperiais e objetos pessoais da família imperial.





O entorno do Palácio Imperial era reservado para moradia de fidalgos e empregados do palácio. O Palácio Rio Negro foi construído pelo Barão do Rio Negro em 1889 e passou a ser destinado à residência de verão do Presidente da República.

O Palácio Amarelo funciona a Câmara Municipal e o Palácio do Grão-Pará, que na época do Império destinava-se à
camareiras da família real, tornou-se residência dos descendentes da Princesa Isabel de Bragança que ainda hoje ocupam o palácio.



Nos anos seguintes muitos Presidentes da República e grandes personalidades mantiveram o ambiente culto, aristocrático e refinado na cidade onde passavam o verão. Essa nova corte mudou a cidade. O suntuoso Hotel-Cassino Quitandinha aberto em 1944 atraía muitos hóspedes internacionais. Porém, com a proibição legal do jogo no Brasil, o hotel perdeu o esplendor sendo hoje conhecido como Palácio Quitandinha.

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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