Pouco conhecido e quase inexplorado, o Parque de Terra Ronca possui grandes sistemas de cavernas do Brasil, por isso vem despertando o interesse de espeleólogos, geólogos, biólogos, turistas e, particularmente de aventureiros, amantes da natureza e dos esportes radicais.
O parque foi criado em 1989 para preservar o complexo de cavernas com suas gigantescas colunas de estalactites, estalagmites, formadas por gotinhas impregnadas por calcário que pingam por milhares e milhares de anos.
O nome do Parque teve origem no rugido dos rios que atravessam as cavernas e do burburinho das cachoeiras que despencam em suas entranhas. Formadas há 600 milhões de anos, essas cavernas são algumas das mais espetaculares atrações subterrâneas do hemisfério sul.
Consagradas como um dos maiores complexos espeleológicos do mundo, as cavernas de Terra Ronca oferecem um ecoturismo de grande aventura recheado de emoção e adrenalina.
Camufladas entre a paisagem ressequida do cerrado e emolduradas pelo suave contorno da Serra Geral de Goiás, a melhor opção para se chegar ao Parque de Terra Ronca é partir da Capital Federal rumo ao nordeste Goiano.
A cidade base para esse santuário é São Domingos, que fica 200 km de Brasília e aproximadamente uns 50 km de distância das cavernas. A pequena cidade oferece pouca infraestrutura de turismo.
O visitante deve estar imbuído de espírito de aventura para enfrentar as esburacadas entradas de terra. Celular não pega, todavia acredite: o passeio reserva grandes recordações e qualquer dificuldade será apenas um detalhe.
Ao desvendar as entranhas da terra, atravessar salões com estonteantes formações calcárias e deslumbrar a ousadia da natureza, de repente você se dá conta de que está adentrando em outro mundo, como se fosse uma viagem ao centro da Terra.
Envolvente e misterioso, Terra Ronca é um silencioso e encantador mundo subterrâneo, que hipnotiza e arrebata o visitante com suas surpreendentes atrações, lembranças que ficam tatuadas na memória e se tornam inesquecíveis.
São várias cavernas esculpidas por rios, desde que essa região era banhada pelo mar, no período Pré-Cambriano superior. Estima-se que haja cerca de 300 cavernas, mas apenas algumas delas são exploradas turisticamente.
Mais de 60 cavernas são “molhadas”, ou seja, atravessadas por rios e 200 são “cavernas secas”, mas apenas algumas foram exploradas. Sete delas constam da lista das trinta maiores cavernas do Brasil.
Entre elas estão: a Caverna Angélica com 14.100 metros de extensão, que é a 4ª colocada do país, a Terra Ronca I e II, São Vicente, São Bernardo, Lapa do Bezerra e São Mateus.
No entanto, para viver essa aventura, escolha sobreviver. Nunca entre numa caverna sem um experiente guia local e no mínimo junto com três pessoas, bem como tenha o equipamento adequado.
Terra Ronca I: Essa caverna, que deu nome ao parque, é a mais importante e mais espetacular caverna do complexo e também a mais visitada. É dividida em Terra Ronca 1 e 2, em razão de um desabamento ocorrido há milhares de anos que dividiu o acesso da caverna em dois salões.
A visão da gigantesca boca da Terra Ronca 1 é dramática. Com um vão de entrada que atinge fenomenais 96 metros de altura e 120 metros de largura, a caverna tem salões medindo 760 metros de comprimento e 100 metros de altura, onde ocorre anualmente a cerimônia religiosa de Bom Jesus da Lapa.
A claridade do sol entra pela boca da caverna e vai adentro por uma centena de metros. Conforme a escuridão vai tomando conta do ambiente, a tímida beleza desse sombrio mundo subterrâneo passa a se revelar grandiosa, sob a débil chama da luz de carbureto do guia.
Terra Ronca II: Atravessando o rio da Lapa pela cintura, depois de uma pequena caminhada chega-se à Terra Ronca 2. Também chamada Malhada, ela possui outra fenomenal boca com 120m de altura.
Um percurso de mais ou menos 1 km pelo interior da gruta, leva aos pontos de maior interesse como: o Oco das Araras, um lugar fantástico onde vivem as araras, margeado por uma dolina com 80m de altura.
O que mais se destaca na Caverna Terra Ronca 2 é o Salão dos Namorados. No último trecho um salão abre-se com 500m de diâmetro e aproximadamente 100m de altura, completamente adornado por imensas estalactites e estalagmites, colunas, ninhos de pérolas calcárias (aeólitos), flores de aragonita e travertinos.
Angélica: É uma das mais belas cavernas e também a de mais fácil acesso. Com 17 km de extensão e inúmeros espeleotemas, apenas alguns quilômetros da caverna estão disponíveis para o turismo. Os salões inferior, superior, dos espelhos e das cortinas são suas maiores atrações.
Com aproximadamente 14 km de galerias e salões, o passeio se restringe a alguns salões. Cordas e escadas auxiliam o turista nos pontos mais difíceis, tornando o passeio pela Angélica o mais fácil quando comparado às outras cavernas. A visitação dura cerca de três horas, incluindo pausas para hidratação e fotografias.
São Bernardo: O grande destaque desta caverna é o chamado Salão das Pérolas. Com ninhos de pérolas e formados por bolinhas muito branquinhas, as formações são tão perfeitas que parecem feitas à mão. Dentro da caverna o Rio São Bernardo se junta ao Rio Palmeira. Fora da caverna existe também a Cachoeira São Bernardo.
São Vicente: É a mais radical é a Caverna. O acesso é feito por rapel, numa descida vertical de aproximadamente 40 metros de altura. É considerada a caverna com maior nível de dificuldade do complexo de Terra Ronca e sua Boca de entrada constitui excelente via de descida para rappel.
A entrada da São Vicente mede aproximadamente 60 metros de largura, por onde recebe o rio São Vicente formado por 12 cachoeiras no interior da caverna; um fenômeno raríssimo!
A caverna São Vicente contém uma paisagem incrível com vários salões superiores, formações de travertinos e grande variedade de estalagmites e estalactite.
São Mateus: Foi considerada até pouco tempo a maior do Brasil, perdendo apenas para a Toca da Boa Vista na Bahia. Localizada nas proximidades do povoado de São João Evangelista, por não existir indicação de placas só os guias a conseguem achar.
Para visitá-la é preciso uma caminhada de aproximadamente 4 km por vegetação de cerrado e mata de galeria. Ao mesmo tempo, impressiona e assusta. Próximo à boca da caverna há uma íngreme descida que leva até uma estreita fenda de entrada.
A entrada propriamente dita é um arco com uns 80 metros de altura, indicando que em época remota houve um desmoronamento. As rochas do desabamento vão forrando a descida íngreme até a boca. Quem olha de cima, não vê abertura de entrada.
O vão de ingresso à caverna é como se fosse um poço, praticamente vertical, que mergulha na escuridão pelas entranhas da caverna. No buraco, só passa um corpo e sem a mochila.
Uma vez vencidos os obstáculos rochosos da entrada, um imenso salão se abre e a caverna mostra sua face frágil e suave, com delicadas formações calcárias. A escuridão só desaparece diante da chama tremulante do carbureto acoplado ao capacete do guia, que vai iluminando cada salão projetando sombras fantasmagóricas.
Nessa hora se vê a vantagem do carbureto sobre as lanternas que só iluminam um foco. À medida que se adentra nas galerias da Caverna de São Mateus, surgem as espetaculares formações que pendem do teto em forma de agulhas.
Nada se ouve ali dentro, além das batidas do coração. São Mateus é uma das cavernas mais ricas em espeleotemas do Brasil. Por dentro da caverna corre o rio São Mateus - que dá o nome à caverna.
Há túneis por onde o visitante atravessa com água até a cintura e imensas catedrais repletas de monumentais colunas, asas de anjo e uma infinidade de figuras calcárias multicoloridas.
As nascentes de águas límpidas, que correm dentro das grutas, oferecem um espetáculo à parte: os “bagres cegos”. Por viverem na escuridão das cavernas, são albinos e cegos.
Quando o rio São Mateus está claro, é possível ver os bagres albinos que costumam aparecer na prainha das dunas, atraídos pela luz dos carburetos em busca de insetos.
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