terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Congonhas, a cidade dos profetas



Na histórica cidade de Congonhas em Minas Gerais os turistas são recebidos pelos 12 profetas do Santuário Bom Jesus de Matozinhos. Subindo a ladeira para chegar ao alto da praça, seis capelas com os passos da Paixão estão lado a lado ao longo do caminho. Construída com inspiração em dois santuários portugueses, a igreja é adornada com a arte de Antonio Francisco Lisboa, o Mestre conhecido como Aleijadinho.







Fundada entre 1700 e 1745, Congonhas surgiu quando os portugueses se instalaram na região em busca do ouro. Com as imensas riquezas em ouro encontradas no entorno, Congonhas prosperou sob a égide da mineração.

O nome Congonhas derivou-se do nome de uma abundante planta existente nas proximidades do arraial, o Congõi, que em Tupi significa “O que sustenta e o que alimenta”. Ainda na atualidade a cidade vive da extração de vários minérios de ferro utilizados nas usinas siderúrgicas.







Com a riqueza do período barroco e do estilo rococó, Congonhas possui uma mais ricas histórias do Brasil guardadas no Museu de Imagem e Memória, notadamente do Mestre Aleijadinho e Mestre Athaíde. Cidade de grande religiosidade, há várias igrejas na cidade: Santuário Senhor Bom Jesus de Matozinhos, a Matriz de São José, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhora da Soledade.







Com algumas ruas estreitas e muitas ladeiras calçadas de pedras, são nessas ruas que acontecem as maiores e tradicionais festas da cidade. Entre 7 a 14 de setembro a cidade celebra a festa do Jubileu do Senhor Bom Jesus.

Antigamente a romaria dava abrigo aos romeiros de outras cidades que vinham ao encontro da fé. Com o passar do tempo, a antiga romaria foi demolida sendo reerguida para guardar boa parte do acervo cultural da cidade, além do Museu de Mineralogia e Arte Sacra e a sede da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo.

Recentemente foi aprovado o projeto de construção de um moderno Museu Subterrâneo para onde serão transferidos os 12 profetas de Aleijadinho. A iniciativa visa proteger as obras artísticas da ação do tempo e depredação, assim como outros marcos históricos. No adro da basílica serão colocadas réplicas das esculturas, quando também será duplicada a praça.



Um dos personagens importantes de Congonhas foi Antônio Francisco Lisboa, de quem pouco se sabe. Nascido provavelmente em 1738 na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, era chamado de Aleijadinho devido a uma misteriosa doença degenerativa contraída aos 40 anos que provocou-lhe deformidades, principalmente nas mãos e nos pés.

Ciente de seu aspecto físico, para ocultar-se de olhares curiosos vestia roupas amplas, folgadas e grandes chapéus para esconder o rosto. Durante o dia trabalhava escondido em um espaço fechado por um toldo mas preferia trabalhar à noite. Filho de um arquiteto português e de uma escrava, Aleijadinho foi o mais importante e o maior escultor do estilo Barroco do período colonial no Brasil.

Apesar de ter estudado apenas a educação básica, Aleijadinho cresceu entre obras de arte. Seu pai foi um dos primeiros arquitetos de Minas Gerais e, convivendo com seu tio que era um conhecido entalhador de cidades históricas mineiras, Aleijadinho demonstrou desde cedo seu talento na arte sacra.





Dezenas de igrejas foram desenhadas por ele assim como muitas peças esculpidas que se encontram em Ouro Preto, Sabará, Caeté, Catas Altas, Santa Rita Durão, São João del-Rei, Tiradentes, Nova Lima e o Chafariz da Samaritana em Mariana. As 66 figuras talhadas em cedro entre 1796 e 1799, em tamanho natural, compõem a Via Sacra de Congonhas que vão desde a Última Ceia até a Crucificação.





Os 12 profetas são as obras primas de Aleijadinho esculpidas em 1800. Espalhadas no adro do Santuário em Congonhas, em admirável simetria ao longo das esplanadas de níveis diferentes, formam um conjunto grandioso.

Apoiando-se sobre um pedestal de 20cm de altura, cada um sustenta uma cartela com inscrição em latim extraída do Antigo Testamento. Os Profetas de Aleijadinho são: Jeremias, Isaias, Daniel, Oséias, Baruc, Ezequiel, Abdias, Joel, Amós, Jonas, Nahum e Habacuc.





Ocupado com encomendas que chegavam de toda a província, Aleijadinho tinha mais de 60 anos quando começou a esculpir as famosas imagens de Congonhas. Nessa época, já deformado pela doença que lhe inutilizara as mãos e os pés, trabalhava com o martelo e o cinzel amarrados aos seus punhos pelos ajudantes.

Foi pintor, escultor, entalhador e desenhista. Pobre e abandonado, Aleijadinho morreu em 1814 provavelmente aos 76 anos. Apesar de ter sido respeitado em sua época, após sua morte foi relegado a um quase esquecimento. E assim como outros grandes artistas, o reconhecimento de sua obra ocorreu 100 anos após sua morte, tendo sido considerado como a expressão máxima do estilo barroco durante a Semana de Arte Moderna de 1922.





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Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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