sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

São Domingos do Capim, o surf na pororoca



No Pará e Amapá ocorre um dos maiores espetáculos da natureza, é a Pororoca que prenuncia a enchente. Alguns minutos antes de chegar, há uma calmaria, um momento de silêncio. As aves se aquietam e até o vento parece parar de soprar.

Quando ela se aproxima, os caboclos já sabem e rapidamente procuram um lugar seguro como enseadas ou
mesmo os pontos mais profundos dos rios para aportar suas embarcações. Se a canoa estiver na "baixa-mar" onde a pororoca bate furiosa e barulhenta, destrói a canoa e leva tudo consigo junto com as árvores das margens do rio.



O fenômeno natural, que conjuga beleza e violência no encontro das águas do mar com as águas do rio Araguari no litoral do Amapá, acontece nos estuários rasos de todos rios que desembocam no golfo amazônico, principalmente na foz do grandioso e mais imponente rio, o Amazonas. No Pará a pororoca acontece em vários pontos mas é em São Domingos do Capim que o fenômeno pode ser melhor apreciado.





O município de São Domingos do Capim ficou conhecido internacionalmente pelo Campeonato de Surf na Pororoca que atrai, ano após ano, esportistas, jornalistas e curiosos de todos os cantos do mundo. O cenário de bancos de areia, ilhas e margens de rios da Amazônia é perfeito para o encontro das ondas de maré que se formam quando as águas do mar tentam invadir o rio, formando uma grande onda.

Formando uma elevação súbita das águas junto à foz, provoca o encontro das marés ou de correntes contrárias, como se estas encontrassem um obstáculo que impedisse seu percurso natural. Quando ultrapassa esse obstáculo, as águas correm rio a dentro em quase 50 km, com uma velocidade de 10 a 15 milhas por hora subindo uma altura de 3 a 6 metros.

Formam-se os grandes espumeiros que, dependendo das condições do vento, transformam-se em ondas perfeitas, com paredes de mais de 5 km de extensão e mais de 30 minutos de duração. O barulho ensurdecedor ouve-se com até duas horas de antecedência vinda da cabeceira da Pororoca. Quando ela passa, forma ondas menores que violentamente morrem nas praias.





Há várias explicações da causa da Pororoca, porém a principal consiste na mudança das fases da lua nova e cheia, principalmente nos equinócios, quando o Sol está alinhado ao Equador. Com maior propensão da massa líquida dos oceanos, essa força na Amazônia é percebida a mais de 1.000 km.

A Pororoca é um fenômeno que definitivamente depende da maré. É quando a variação entre as marés baixa e cheia está maior. Na maré cheia, a água salgada encosta no muro. Na maré baixa, formam-se praias de lama de centenas de metros de extensão.

Apesar da pororoca ocorrer também em outros lugares, em nenhum outro lugar do mundo é tão intensa quanto na foz do rio Araguari no Amapá. O ruído surdo semelhante a um trovão e ouvido a quilômetros de distância, deu origem ao nome Pororoca, definido pelos índios da região com a expressão onomatopaica: poroc-poroc...

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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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